Convite para defesa de dissertação
Introdução: Pessoas com e sem perda auditiva apresentam desempenho prejudicado em situações ruidosas do dia a dia, uma vez que a compreensão de fala no ruído vem se tornando uma queixa constante. Dessa forma, os testes de reconhecimento de fala no ruído avaliam essa dificuldade simulando a escuta cotidiana. Contudo, há poucos testes padronizados na prática clínica, tanto para normo-ouvintes como para pessoas com perda auditiva. Objetivo: Analisar e
comparar o desempenho de indivíduos normo-ouvintes no teste Reconhecimento Auditivo de Sentenças em Português (RASP) em relação ao sexo do locutor. Métodos: Estudo tem caráter observacional, transversal, descritivo e analítico. Foi realizada na primeira etapa do estudo a gravação do material de fala do teste por um falante do sexo masculino, a voz feminina já estava pronta para utilização. As sentenças gravadas foram inseridas no software perSONA e foi aplicado o teste RASP em sujeitos normo-ouvintes adultos. Participaram do estudo 27 sujeitos, sendo 10 do sexo masculino e 17 do sexo feminino, com idade variando de 19 a 43 anos. Foi aplicado o questionário Scale of Auditory Behavior para excluir alterações de processamento auditivo central. O teste RASP é composto por 10 listas com 20 sentenças em cada lista, sendo possível o avaliador selecionar o sexo do locutor das listas de apresentação. O material de fala foi apresentado em campo livre com o paciente posicionado de frente, a um metro do alto-falante, a 0º azimute. Foram realizadas seis apresentações de listas, sendo a primeira na modalidade silêncio no qual foi analisado o Índice Percentual de Reconhecimento de Sentenças no Silêncio (IPRSS), a segunda na modalidade ruído adaptativo, na qual foi analisada a média da relação sinal/ruído (S/R), e a terceira na modalidade ruído fixo na relação S/R (0), no qual foi pesquisado o Índice Percentual de Reconhecimento de Sentenças no Ruído Fixo (IPRSR Fixo), sendo as três modalidades apresentadas tanto na voz masculina quanto na voz feminina. Foi analisado o desempenho conforme a ordem de apresentação, duração da lista, idade, sexo, escolaridade e pontuação no questionário SAB dos participantes. Resultados: A média de idade dos participantes foi de 27,4 anos. Verificou-se que a mediana do IPRSS foi de 100 % tanto usando as listas com o locutor masculino como feminino. A mediana da média de relação S/R foi -0,93 dB (DP -1.47 a -0,40) e 0,00 dB (-0,93 a 0,17) para o sexo masculino e sexo feminino respectivamente. Na condição ruído fixo na relação S/R (0), a porcentagem de acertos foi de 96% e 90% para o sexo masculino e feminino respectivamente. Em relação a duração das listas, verificou-se que houve diferença estatisticamente significante em todas as condições pesquisadas, sendo a duração menor com a locutora feminina. Verificou-se que não houve diferença estatisticamente significativa no desempenho dos sujeito em relação a ordem de apresentação do sexo do locutor das listas. Em relação à idade, verificou-se que houve correlação inversamente proporcional entre a porcentagem de acertos no IPRSR Fixo com a idade, ao usar listas com a locutora feminina. Quanto ao sexo dos participantes, verificou-se que as mulheres tiveram melhor desempenho no IPRSS ao utilizar listas com a locutora feminina. Já a escolaridade dos sujeitos e a pontuação no SAB, não tiveram associação com o desempenho no teste RASP. Conclusão: O sexo do locutor influenciou diretamente nos resultados do teste RASP. O desempenho dos indivíduos no IPRSS foi significativamente menor, a média da relação S/R a partir do ruído adaptativo foi mais elevada e o IPRSR Fixo foi significativamente menor quando os indivíduos foram expostos a listas gravadas com a locução feminina. A duração de apresentação das listas com locução feminina foi menor em todas as modalidades testadas. Quanto maior a idade dos sujeitos, pior o desempenho no IPRSR Fixo na locução feminina. Já em relação ao sexo dos participantes, as mulheres tiveram melhor desempenho no IPRSS do teste RASP quando utilizadas listas com locução feminina. Não houve influência no desempenho dos indivíduos em relação a ordem de apresentação das vozes, da escolaridade e na pontuação do SAB. O estudo forneceu evidências de um padrão de normalidade para o teste RASP, que surge como um importante instrumento de avaliação do reconhecimento de fala, demonstrando as condições reais de escuta da fala no silêncio e no ruído.